terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Coisas que se tem vindo a falar...*

“Dubai

Dubai World, a holding que administra os investimentos do Emirado

A lista de estrelas com imóveis em Dubai é enorme: de Brad Pitt a Julio Iglesias, passando pelo jogador de futebol David Beckham, pelos cantores Rod Stewart e George Michael, o ex-piloto Michael Schumacher e mais metade dos jogadores da seleção inglesa de futebol.

O Emirado
Dubai, um pequeno pedaço de terra de 4 mil quilómetros quadrados na península Arábica, é um dos sete que compõem os Emirados Árabes Unidos, reunidos em 1971, no Golfo Pérsico, donos da sexta maior reserva de petróleo do mundo, descoberta dois anos antes.
O óleo, no entanto, concentra-se no vizinho Abu Dhab. É chefiado pelo xeque Ahmed ben Said al-Maktum e família, que têm participação em grande parte das empresas do Emirado.
“Quando veio o dinheiro do petróleo descoberto pelos ingleses, cada uma dessas famílias que tinham a propriedade da região ficou com um Emirado”, explica o economista Miguel Daoud, analista da Global Financial Advisor

O ‘boom’ da construção
Motivado pela grande riqueza vinda do petróleo, o governo de Dubai deu andamento à meta de transformar o emirado em um gigantesco centro de turismo, serviços e negócios dos Emirados. Graças ao empenho, a região tornou-se um imenso "canteiro de obras".
O Emirado famoso pelas ilhas artificiais em forma de palmeira, e o prédio mais alto do mundo, o Burj Dubai, transformou rapidamente uma imensa área desértica em um centro mundialmente importante, rivalizando com Nova York, Londres e Hong Kong.
A economia actual de Dubai depende, principalmente, da construção civil, responsável pela maior parte do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Esse mercado, por sua vez, é controlado principalmente pela Dubai World, empresa estatal que constrói e opera de portos a arranha-céus e ilhas artificiais.

Empréstimos e garantias ‘perdidas’
Financiar essas construções requer muito capital, dinheiro grosso até mesmo para um país rico em petróleo. Por isso o pesado endividamento do Dubai World, que financiou alguns dos mais suntuosos hotéis do mundo por meio da emissão de títulos no mercado internacional.
Segundo o economista Gustavo Gazaneo, gestor da SLW assets, a principal razão para os problemas financeiros de Dubai é que eles usaram garantias para pegar dinheiro emprestado que “caíram por terra” com a crise financeira: o dinheiro do petróleo (que durante a crise, despencou de patamares próximos a US$ 150 para cerca de US$ 30) e os imóveis, que desvalorizaram fortemente.
“Eles tomaram dinheiro emprestado e deram petróleo e imóveis como garantia. Com a crise o preço dos imóveis e do petróleo cai, falta garantia e eles não têm mais como pagar. Além disso, o crédito sumiu e o mundo parou de comprar as obras que eles estavam tocando”, diz o economista.
Todos esperavam que o irmão mais rico, Abu Dhabi, socorresse Dubai, evitando a moratória, mas dos US$ 20 bilhões pedidos, Abu Dhabi até agora liberou só US$ 5 bilhões.

Futuro sombrio?
Na opinião do economista Gustavo Gazaneo, a reação negativa dos mercados à notícia está longe de se estender e atingir complicações como as causadas pela "bolha" do mercado imobiliário dos Estados Unidos, que desencadeou a crise financeira mundial que levou economias do mundo todo à recessão.”

*em brasileiro:)
Plágio III
"Já estive para ir ao Dubai, uma das sete cidades-estado que compõem os Emirados Árabes Unidos. Mas a ideia acabou por não me entusiasmar.Qual era o objectivo? Sol e praia.O Dubai praticamente não tem petróleo. Os rendimentos das actividades em torno do ouro negro representam apenas 2% do PNB. O resto vem de uma intensa actividade imobiliária, turismo e investimentos financeiros. O Dubai é uma praça livre para a actividade financeira e para o comércio, através do tão divulgado DIFC (Dubai International Financial Center), para a direcção do qual foram contratados especialistas europeus de renome.O Dubai acalentava sonhos de expansão megalómanos no imobiliário e no turismo.Naquele pedacinho de areia, sob um sol inclemente, projectam-se ilhas artificiais, em forma de palmeira. Constroem-se torres arrojadas que glosam as alturas de Manhatan. Constroem-se enormes pistas de ski indoor.Em suma, desafia-se a ordem divina. Estende-se a terra para o ar e mar, traz-se a neve ao deserto. Planta-se finança em terra das tâmaras. Planeia-se um concentrado de mundo num espaço mínimo. Uma cidade global, diziam os dirigentes locais.E como? Da mesma forma de sempre. Faz-se isso com o dinheiro de todos nós. Sim, com o dinheiro do mundo. Com títulos de dívida espalhados por todo o sistema financeiro. Mais pela Ásia e Inglaterra, eventualmente.Os empréstimos obrigacionistas das empresas do Dubai atingem o valor colossal de oitenta mil milhões de dólares.Menos, é claro, do que os seiscentos e treze mil milhões do Lehman Brothers no momento do seu ocaso, o ano passado, mas muito, muito para a dimensão do Dubai.E pronto. A bolha estoirou, porque o imobiliário caiu dramaticamente. A Dubai World, há três dias, anunciou uma moratória unilateral no pagamento da sua colossal dívida. Pago mais tarde, lá para Maio, disse. Todos esperavam a massa em 14 de Dezembro, antes do Natal.Nem tão cedo a confiança será reposta e as palmeiras poderão continuar a crescer em paz, agora livres do perigo de substituição por imitações de Alpes ou de pirâmides Maias.Mais uma lição para todos nós. Há pequenos, médios e grandes Dubai espalhados pela Europa, do Algarve à Grécia. Empreendimentos turísticos megalómanos, financiados com dívida, tantas vezes numa modalidade chamada project finance (que se caracteriza por colocar o risco do lado dos financiadores), crescem por todo o lado junto ao mar, violando as regras elementare do bom-gosto e apresentando uma sustentabilidade financeira muito discutível.É só olhar à nossa volta. "

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